O jornal O Globo traz uma reportagem nesta sexta-feira (que pode ser lida no Blog do Noblat) que mostra um retrato curioso de como funciona o Congresso Nacional. Segundo o jornal, na quinta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a mais importante da Casa, foi aberta depois de chegar ao quórum mínimo de 36 deputados no plenário da comissão. Depois de aberta a sessão, quase todos foram embora, “como ocorre em todas quintas-feiras”.
Só sobraram Luiz Couto (PT-PB), chamado às pressas para que a reunião, depois de aberta, tivesse o quórum mínimo de um deputado, e o terceiro vice-presidente, Cesar Colnago (PSDB-ES), o único membro da Mesa que permaneceu no trabalho. Juntos, o tucano e o petista aprovaram 118 projetos em três minutos:
A cada rodada de votação, Colnago consultava o plenário, como se estivesse lotado. “Os deputados que forem pela aprovação, a favor da votação, permaneçam como se encontram” Sentado na primeira fileira, Luiz Couto nem se mexia. Em outro momento, Colnago fez outra consulta ao plenário: “Em discussão. Não havendo quem queira discutir, em votação. Aprovado!” Declarada encerrada a sessão, Colnago dirigiu-se a Couto: “Um coroinha com um padre, podia dar o quê?!” Couto é padre e Colnago revelou ter sido coroinha na infância. A secretária da CCJ também fez um comentário: “Votamos 118 projetos!” E Colnago continuou, falando com Couto: “Depois diz que a oposição não ajuda…” |
Entre os projetos estavam concessões e renovações de radiodifusão e acordos bilaterais com países como a Índia e República Dominicana.
José Antonio Lima
Fonte: Revista Época – Coluna “O Filtro” – Clique aqui para conferir